sábado, 13 de dezembro de 2014

       "Nos dias em que passei internada com Beatriz, lembrei de um relacionamento que tive. Ele era carinhoso, atencioso e amoroso. E eu amava-o tanto, que -como ele dizia "Chega a doer ". O único problema, é que ele não era acostumado com uma pessoa que carícia de tanta atenção, e começou a tratar outras coisas como prioridade e depois de um tempo, se isolava por causa de problemas na empresa. Não conversava comigo. Nem sequer ligava para mandar notícias. Eu procurava-o todos os dias para saber como eles estava, e com poucas palavras no telefone, resumia seu dia.Então, com o tempo deixou de fazer falta.
        Ele chorou muito quando disse que eu não queria mais viver naquele relacionamento. Mas, mesmo assim, falava que tinha outras prioridades. Não que eu devesse ser a primeira ou a segunda, até por que não se constrói uma vida através de um relacionamento. Mesmo assim, ele não entendeu que pra um relacionamento existir, tem que ao menos manter contato, o que nem sequer ele fazia como um dia já fez.
       Uns dias antes de eu terminar com ele, dizia que tinha medo de me perder. E eu nos primeiros dias respondia que era bobagem, em outros, perguntava o motivo desse medo, e no final eu perguntei por que ele não fazia algo para mudar isso. A resposta foi "Não posso fazer tudo por ti". Nem tentar? Nem valorizar como valorizava antes? Nem sequer me procurar para dizer que me amava como ele dizia só quando sentia medo...Sinto muito, mas não sou bibelô de ninguém. Eu fazia de tudo por ele e confesso que errei quando queria ficar com ele toda hora, mas depois de um tempo comecei a respeitar o espaço dele, só que quando eu corrigi meu erro, devo ter feito outro errado para não tem nada de volta. Na realidade, ter muito menos.
       -Tudo bem?
       -Sim!
       -Você está com uma expressão muito pensativa...
       -Hum...
       -Por que você não costuma conversar muito?
       -Por que conversaria?
       -Matar tempo? Se conhecer? Afinal, somos colegas de quarto!
       Virei meu rosto para ela
       -Só não tenho muito assunto. Depois de um tempo aqui, você não tem novidades para contar a não ser que seja uma melhora no seu estado clínico.
       -Pensei que pudéssemos compartilhar de nossas histórias.
Não falei nada.
passaram-se alguns minutos de silêncio até que..
-Por que você não recebe visitas?
-Quem disse que não recebo?
-Nunca vejo ninguém com você aqui..
-Eu estou internada nesse hospital há tanto tempo que os funcionários me conhecem, então posso me locomover pelos corredores com tranquilidade. Posso receber meus familiares e amigos na recepção.
-Hum...
      Nenhum amigo meu veio me ver até hoje. E meus pais estão sempre ocupados."

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